domingo, 30 de agosto de 2009

Completamente perdidos no éter !

Debaixo de chuva, seis Berliets atascadas, a coluna parada à espera de melhoria do tempo... que mais nos havia de acontecer ?

As transmissões não funcionavam, estivemos completamente perdidos no éter hertziano !



Era preciso avisar Mecula ou o Candulo da nossa situação, para eles não ficarem preocupados.
Mandavam as regras de segurança que o Cmdt da Coluna usasse o caderninho fornecido pelos Criptos e codificasse a mensagem. Assim foi feito, o pior estaria para vir. Ao fim de três longas horas, o operador do rádio ainda não tinha conseguido comunicar com Mecula nem com o Candulo mesmo depois de ter montado a antena dipolo.
O homem perdeu a paciência, já esgotado... deu-se por vencido !

Mandar uma viatura a Mecula era uma missão de grande risco, podiam ser emboscados ou rebentar uma mina.

O Racal funcionava por canais, cada batalhão tinha uma frequência atribuída. Pelos canais normais nada feito... ninguém respondia.
O rádio Racal também tinha um ou dois canais generalistas (emergência). O nosso amigo rádio montador explicou-nos um dia que em casos deste género se podia tentar usar uma estação relé (intermediário) e fazer passar a mensagem de ponto a ponto.
Pertencendo todos nós ao Batalhão dos Rangers, é óbvio que ao longo do tempo fomos "contaminados" pela sua doutrina e quando tínhamos um problema para resolver a tentação era "levar a carta a Garcia" mesmo que fosse preciso ultrapassar alguma legalidade...
Chamamos o operador de rádio a quem dissemos: Um Ranger não tem medo de porradas da Rádio Escuta... ele resolve sempre os problemas !
Vamos usar o canal da emergência, fazer uma chamada geral à frequência... alguém no Niassa, Cabo Delgado ou Tete vai ouvir o nosso apelo.
Dito e feito. De imediato, responde a Força Aérea de Vila Cabral com sinal de rádio nove mais cinco a partir o ponteiro...(pudera, a antena dipolo estava para lá virada).

- Olá Pescador... há algum problema?
Respondemos: O Pescador não consegue avisar a Varina, estamos atascados na picada.
Responderam: Ó Pescador mantém o rádio ligado, vamos já avisar a Varina!

Não tinham passado dez minutos quando a Força Aérea nos chama e nos diz que estava a Varina avisada e sempre que fosse preciso eles estavam ao nosso dispor.

Afinal foi tudo tão fácil... a experiência e aquele profissionalismo dos homens das transmissões da Força Aérea resolveram o nosso grande problema em duas penadas.
São estes exemplos, de grande solidariedade e grande cumplicidade, muitas vezes à revelia das NEPs e outras legalidades... que cimentaram a nossa amizade e por isso aqui estamos trinta e nove anos depois a dedicar este post aos camaradas da Força Aérea de Vila Cabral que em 1970/72 tanto nos ajudaram.
Um abraço para todos eles.

Um conto de:
Ernesto Fernandes
Ex-furriel miliciano sapador do BCaç. 2914

sábado, 29 de agosto de 2009

Minas e Atascanços !

Uma Berliet "atascada" até aos eixos... e agora ?


Os guinchos ligados até partir os cabos de aço !



Atapetar a picada com ramagem de árvores era uma das soluções mais utilizadas... antes de atascar. Depois de atascar, os sacos de serapilheira, as ramagens eram a única solução de que geralmente se dispunha.

Quantas vezes se tinha de transferir a carga da viatura atascada, ou esperar dois dias que viesse o sol... para continuar a viagem !



Depois das minas, os ATASCANÇOS eram o maior problema das colunas militares.
Quando chegava a época das chuvas, naquelas picadas em terrenos alagadiços, principalmente com viaturas carregadas era quase impossível transitar.
Para além dos guinchos das viaturas, os Sapadores dispunham de um TIRFORs com um cabo de 25 mm que arrastava qualquer Berliet desde que houvesse uma árvore onde amarrar o dito cujo aparato. De vez em quando... arrancavam-se umas árvores...

Um certo dia a caminho do Candulo, antes das Pedreiras, atascamos seis Berliets em série. Na tentativa de salvar a última fomos fazendo comboio ao ponto de ficar tudo atascado !
Resultado: esperar, dois dias, que parasse de chover... chegou ao Candulo a carga toda estragada!

Quando se tentava rebocar a última viatura com o cabo de aço esticado foi dada ordem a um soldado sapador, de alcunha o "Brasileiro", para que se desviasse do cabo de aço pois este podia partir e provocar-lhe a morte.
Como ele não obedecesse, o furriel enfiou-lhe com a chapa de couce da espingarda G3 no toráx fazendo tombar por terra o soldado desobediente. O soldado jurou ali mesmo que na primeira oportunidade mataria o furriel mostrando-lhe a bala marcada.
Passados cinco minutos rompeu-se o cabo de aço que cortou uma árvore de cerca de 20 cm de diâmetro !
O "Brasileiro" ao verificar o sucedido desata a chorar... e corre para o furriel abraça-o e diz-lhe:
Você salvou-me a vida, bendita coronhada que me deu. O furriel ordenou-lhe de novo: Vai para a tua viatura, hoje não fazes mais nada, reza à Nossa Senhora de Fátima pois já tiveste o teu dia de sorte!

Moral da história: Também na guerra se pode passar de besta a bestial... se não tivesse partido o cabo de aço, o furriel era uma besta e talvez pudesse ter tido um processo disciplinar.
Como aconteceu o contrário, viu reforçada a sua autoridade perante o grupo que comandava e ainda ouviu de um soldado moçambicano este elogio : o nosso "furriel tem feitiço"!
Há dias de sorte!

As fotos são de Orlando Azevedo (CCaç.2706) e Júlio Marques (BCaç.2836).

Um conto de:
Ernesto Fernandes
Ex-furriel miliciano sapador do BCaç.2914

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Safaris Gomba

Várias peças de caça abatida, era uma fartura de carne de caça.



A fartura era tanta que ainda dava para fornecer a população local de Gomba, esta imagem dá ideia do "talho" ali ao ar livre...


Este post é dedicado ao pelotão da Comp. Caçadores de Marrupa que em 1962 estavam em Gomba sob o comando do Alferes Miliciano Vaz Lourenço.

As fotos fazem parte da colecção que Vaz Lourenço disponibilizou para o blogue.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

As minas do Candulo





O alferes miliciano Orlando de Azevedo, na foto, junto a uma Berliet minada da colecção existente no aquartelamento do Candulo em 1970-1972 (CCaç. 2706 /BCaç. 2914).

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Que dia tão triste !

Uma Berliet Tramagal em estado novo


Uma Berliet minada com mina normal de 4 a 5 kg de TNT - (1971)


Os camaradas artilheiros do BArt 3887, em socorro das vítimas, na picada de Mecula até ao cruzamento do Candulo.


Só uma MEGA_Mina de mais de 25 kg de TNT era capaz de fazer estes estragos ... no dia 23 de Julho de 1973.



A estratégia militar da Frelimo consistia em: evitar o contacto com as forças portuguesas (evitando baixas do lado deles), provocar o desgaste do material e fazer feridos e estropiados que mais tarde em Lisboa podiam provocar a queda do regime.
Este ataque sai fora dessa estratégia, é um autêntico atentado terrorista com o objectivo de matar, matar muita gente... contrariando as leis da guerra (Genebra), com a utilização de uma "arma de destruição maciça" !
A maior mina da guerra colonial na Serra Mecula !

Da explosão desta mina, resultaram onze mortos e dois feridos graves.
(Entre os mortos dois furriéis milicianos)

António Rosa, esteve lá, escreve assim para o blogue:
Ler texto integral, aqui no Arquivo da Serra

sábado, 22 de agosto de 2009

Matondovela (antigo quartel do Candulo)

Um mapa da Reserva do Niassa



Um mapa do tempo colonial, publicado na internet por uma Comp. de Cavalaria.


O aquartelamento do Candulo, uma foto de Orlando de Azevedo da CCaç. 2706.


Em resultado de muita documentação publicada, e também pela pesquisa de Orlando Azevedo e Ferreira Pinto podemos confirmar que MATONDOVELA é o nome da nova povoação situada junto à pista do antigo aquartelamento do Candulo.
As distancias nos mapas (cerca 90 Km do cruzamento de Mecula estão correctas).

Coordenadas:
CANDULO : 12º 04´ S 37º 00´E

CHIULÉZI : 12º 18´ S 36º 41´50" E

As coordenadas publicadas em vários documentos, confirmam a localização no Google.

Vê-se a pista do Candulo e a pista do Chiulézi (Google) ( confirmem isto ???)

Segundo o Pedrosa, o Chiulézi ficava a 60 km do Candulo. No mapa a picada volta a passar o rio Chiulézi a meio caminho entre o Candulo (Matondovela) e Valadim (Mavago). A que distância ficava a ponte do Chiulézi do quartel?
Perguntas para os "antigos residentes" responderem.

Não sabemos a razão do novo nome (Matondovela), oportunamente divulgaremos o resultado das pesquisas que estamos a efectuar.

Outro Chapéu ?

Uma bela imagem "pescada" na internet... (de global_nomad1) para os lados de Mavago... será o verdadeiro Chapéu de Coco ?
Façam o favor de se pronunciarem... os que foram residentes no Chiulézi...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ruínas de Mecula Velha

A antiga Administração e o primeiro aquartelamento ficavam na encosta da serra Mecula. Houve alguém que mandou destruir este local maravilhoso, perdeu-se um pedaço de história de Mecula, provavelmente por questões de segurança a partir do momento em que mudaram o quartel para o sopé da serra.

Se a capela de Santa Bárbara foi construída pela CArt. 636, deve ter sido (???) esta companhia a instalar o primeiro quartel lá em baixo. Só teremos a certeza quando aparecer um contribuidor desta Companhia de Artilheiros.



Estas fotos foram feitas no tempo de BCaç. 2836, onde se pode ver uma torre metálica, não sabemos o que esteve ali montado (???.....aerobomba), falta-nos informações desta época e de quem mandou destruir Mecula Velha.


O objectivo deste blogue é recolher e divulgar informações sobre a história de Mecula. Ficamos a aguardar que camaradas da CArt 636 e das tropas seguintes nos contactem e forneçam esses elementos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Abaixo da linha de água

No paquete Vera Cruz viajavam mais de 3000 militares. Os oficiais em primeira classe e os sargentos em 2ª classe. Um camarote de segunda que normalmente teria dois beliches agora tinha quatro. Nada mau.
Partimos de Lisboa em 25 de Abril de 1970... quem diria que quatro anos depois era o dia da Revolução dos Cravos!


Agora para aqueles que viajavam "abaixo da linha de água" a realidade era bem diferente.
Pedrosa, o Trovador do Chiulézi, na sua obra, descreve essa viagem assim:


...
Tinha sido a primeira noite no mar. A pele transpirada, pedia-me o banho matinal estimulante. Era cedo. Após a higiene, fui tomar o pequeno almoço e passeei pelo barco. Não queria crer. Os porões estavam todos aproveitados com beliches improvisados. A diferença entre os soldados que ali dormiam e a minha cama no beliche de 2.ª classe era um abismo. Eles dormiam abaixo do nível do mar, onde se notava muito mais o balancear do paquete. Agora percebia porque é que a viagem, que para mim estava a ser boa, se tornava um pesadelo para eles. Senhores que mandam, pensei, onde está a vossa consciência, se é que a têm? Arrancam-se homens do seio da família, do recato de um dia a dia pacato, transformam-nos em militares e enviam-nos para longe, onde muitos vão dar a vida, em defesa do vosso ponto de vista intransigente e ultrapassado! E como prémio tratam-nos desta
forma? Que mal fizeram eles? Como irão chegar ao fim deste suplício? ...

Ler aqui, texto integral do Diário do Batalhão - Capítulo Sexto


A meio da viagem, fui sargento_dia ao barco cuja missão consistia em percorrer todo o barco com uma equipa de enfermagem e prestar apoio aos passageiros dos porões.
Imaginem uma viagem "abaixo da linha de água", quatro andares lá para o fundo... no meio de caixotes, sacos de trigo e batatas.
Um cheiro nauseabundo, chão vomitado, um calor de abrasar. A única ventilação era a natural... feita pelo poço (abertura na frente do navio) onde descem os contentores...
Se para alguns de nós esta viagem se fazia num Paquete... para aqueles pobres soldados que tinham o azar de ir lá no fundo a viagem deles era na "Nau das Tormentas" !
Eu assisti ao vivo, durante aquele dia... sinto-me na obrigação de prestar este testemunho.

Testemunho de:
Ernesto P. Fernandes
Ex- furriel miliciano sapador do BCaç. 2914

Cruzeiros de quinze dias !

Diziam à família que iam para a guerra... e na verdade faziam cruzeiros de quinze dias, no Vera Cruz, do Atlântico até ao Indico !
Também era sol de pouca dura.. dentro de dias, em cima da Berliet, todo o mundo passava a viajar em classe única.


Na caixa do correio encontramos um mail, de um camarada que também viajou no Vera Cruz, que dizia assim:

Caros camaradas

Sou o ex-alferes Orlando Azevedo, do 2º GC da C.Caç 2706.
Fiquei muito agradado por terem postado no blog uma das minhas fotos, à qual juntaram o meu amigo Sousa Ferreira.
Reconheci também alguns (muito poucos) nas diversas fotos existentes no blog (gostei de ver as do Morais - desculpa lá, mas já não me lembrava da tua cara).
Brevemente enviarei outras fotos que tenho, do Candulo e de Chamba, com os respectivos comentários.
Quero, desde já, deixar ficar aqui bem expresso o louvável e enorme trabalho que tem sido feito quer pelo Alvaro Veiga da C.Caç 2706, quer pelo Leal da CCS do B.Caç 2914, relativamente aos encontros anuais da Compª e do Batalhão, apesar de eu, por incompatibilidade de datas, ter faltado a muitos. E para o ano vão fazer 40 (!!!!!!) anos que embarcámos no Vera Cruz; a este encontro não vou poder faltar.
Para terminar, para já, um grande OBRIGADO ao Ernesto Penedones pela ideia do blog (conheço muita gente que já/ainda não se acredita no que por lá passávamos).
Até à próxima!

Um grande abraço para o Azevedo, ficamos à espera de mais contribuições para o blogue.

domingo, 16 de agosto de 2009

Os Panteras de Gomba

Neste domingo desportivo de 16 de Agosto de 2009, acabamos de receber imagens (do arquivo das memórias do futebol por Terras de Mecula) referentes ao treino dos Panteras de Gomba.
O alferes Vaz Lourenço foi o primeiro "mister" profissional, da Liga de Nantuego, no ano de 1962.

Há sempre alguém que chegou primeiro... já não sabemos onde isto vai parar... nestas coisas do futebol "palpites" só no fim do jogo!

sábado, 15 de agosto de 2009

Os PIONEIROS de Mecula - (2)

O Comandante dos PIONEIROS de Mecula (primeiras tropas -1961), depois de uma jornada de caça, com o troféu e a sua Mauser.



O içar da bandeira, símbolo da soberania de Portugal, no quartel de Mecula Velha na encosta da Serra Mecula. Espingardas Mauser, farda caqui... soldados eram todos moçambicanos...

Francisco Lourenço, escreve assim e narra factos históricos de há 48 anos:
"Cheguei a Mecula em Julho de 61, com 22 anos, tinha terminado o COM em Janeiro, aspirante em Leiria durante 3 meses, em 26 de Abril levantava voo num avião da TAP, chego a Nampula, e em fins de Junho chego a Marrupa, passados uns dias aí vou para Mecula com o meu Pelotão. Tive a sorte de me acompanhar o Nogueira, Sargento do quadro, pessoa bem formada, que compreendeu a inexperiência militar do seu comandante do Pelotão e se dispôs a ajudá-lo!

Estou ainda a ouvi-lo, apesar de ter falecido pouco tempo depois de regressar: "Meu Alferes, estão aqui os boletins das viaturas para assinar" "Olhe já pode assinar os mapas do géneros consumidos" " É preciso fazer a requisição de combustíveis" etc etc etc, sempre a tempo e horas e comum grande ávontade mas com respeito, nunca abusando da ignorância que sabia que eu tinha nestas matérias! Foi um verdadeiro apoio que fez com que as coisas corressem menos mal.

A primeira complicação veio com as chuvas! Cheias do Lugenda e do "Incalaua" fizeram com que as nossas refeições durante 22 dias fossem de esparguete ao pequeno almoço, almoço e jantar e sem pão porque a farinha fermentou com o calor e a humidade. O problema só se resolveu quando o Incalaué permitiu a passagem do Unimog, para ir até ao Lugenda onde o material era passado nas pirogas, às vezes duas acopladas".
Um abraço do Vaz Lourenço
Ex-alferes miliciano da CCaç. Marrupa (1961)


Nós que estivemos em Mecula e tínhamos ao nosso dispor: enfermeiros, médicos, fotocine, padre, capela, táxis aéreos, ponte no Lugenda, Berliet, rádio Racal, rádio Marconi, câmara frigorífica, cerveja, coca-cola, restaurante Carlindo, machamba, gerador eléctrico, água encanada, chuveiros, casas de banho... etc, etc... nao conseguimos imaginar como seria viver naquelas condições...

Só os camaradas do Chiulézi e do Lussanhando são capazes de imaginar como seria a vida do alferes Lourenço em Mecula Velha.

O blogue está a permitir redescobrir coisas imagináveis... com a vossa colaboração estamos a divulgar factos e retalhos da história militar de Mecula desconhecidos de todos nós.
Quanto mais "cavamos"... mais material estamos a recolher!
Vamos continuar... está a ser um trabalho fascinante para o gestor do blogue, acreditem.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mecula Petróleos

Mecula Petróleos, seria um nome fixe para uma gasolineira que levasse o "petróleo" a Mecula.
Nós, que já vivemos no século XXI, quase nem conseguimos imaginar esta "loucura" de fazer transportar os bidons de gasóleo /gasolina numa espécie de CATAMARAN do Lugenda... composto por duas pirogas amarradas entre si por cordas feitas de casca de árvore.
Depois, um timoneiro e dois remadores (moçambicanos), à vara e a pulso faziam deslocar a embarcação de margem a margem.
Não nos custa nada acreditar, que este CATAMARAN deve ter sido mais uma invenção do "lendário" Carlindo.

Era assim, naquele tempo (1961), quando os PIONEIROS do alferes Lourenço iam a Mussoma buscar o "petróleo" para Mecula.

Sem mais palavras... a foto diz tudo... despeço-me num até breve, voltaremos ao tema do "petróleo" num próximo post para falar do "SHEIK do Niassa".

A foto pertence à colecção de Francisco Lourenço - contribuidor do blogue.

As duas faces dos Rangers de Nantuego !




Aquela imagem de quem não brinca em serviço.
As camisolas brancas sempre à vista... como que dizendo: Quem se meter connosco leva forte e feio !

O alferes Morais, nesta foto equipado a rigor e na foto de baixo vestido com a fatiota de saída, representa bem essa "dupla" face dos Rangers de Nantuego.

Disciplinados por natureza, cultivavam a estratégia de estar de bem com as populações locais... grande espírito de sacrifício e de um rigor operacional extremo.



Aqui estão eles, todos charmosos, estão de saída... vão ao aldeamento do regulado de Nantuego !
O Figueiredo (de óculos) é um verdadeiro diplomata, tinha uma grande sensibilidade para lidar com pessoas de outras culturas, concerteza prometeu aos colegas que os levava a um jantar na casa do Régulo !
Eram assim os Rangers de Nantuego... na hora do lazer vestiam a melhor fatiota para conviver com as populações.

Para aqueles que já não se lembram dos nomes: O Zé da Avó, Figueiredo, Morais, Silva, Louro.

Este post é dedicado aos Rangers de Nantuego. Um abraço para eles.

As fotos são da colecção de Manuel Morais, contribuidor deste blogue.

O "lendário" CARLINDO !

Escrever a história de Mecula, do século vinte, sem falar do CARLINDO uma figura "lendária" da Serra Mecula seria um crime sem perdão.
Quem de vocês não conheceu o Carlindo? A resposta é obvia, todo o mundo se lembra do homem dos sete ofícios que era o Carlindo e a sua grande paixão por África.
O Carlindo começa a sua vida em Terras de Mecula (Mussoma) como cantineiro, aliás, foi sempre a sua actividade principal ao longo da vida. Aqui nesta foto manobra o batelão de atravessamento do rio Lugenda no ano de 1961.
A ponte do rio Lugenda não existia, aqui no blogue já fizemos referência que foi construída mais tarde pela CEng. 521.
Conhecemos o Carlindo em 1970, várias vezes fomos almoçar (tal como vós) ao "Restaurante Carlindo" de Mecula ou comprar elástico para as botas na sua tenda ao lado... mas é dos "safaris" nocturnos que eu tenho as melhores recordações do Carlindo.
E tantas histórias se podiam contar de um homem com uma paixão enorme por África que nos ensinava a viver no meio do mato com um mínimo de recursos disponíveis.
O Carlindo era a logística local do aldeamento, não consigo imaginar Mecula sem o Carlindo.
Quando era preciso levar alguém ao médico... lá ia o Carlindo. Quem levava o pão ao Micunde... era o Carlindo. Os cantineiros podiam ganhar dinheiro com as populações... mas na falta de outras estruturas sociais, não sei como se conseguem sobreviver sem eles.

Não resisto em deixar de vos contar a história da "perna de pau":
Um dia partiu-se um feixe de molas de uma viatura. O Carlindo vai connosco na coluna militar, então decide ser ele a resolver o problema. De imediato ordena aos seus empregados moçambicanos para cortarem um pau e fazerem uma corda com casca de árvore.
Colocado o pau no sitio da lâmina de molas e o conjunto amarrado com aquela corda... lá vai a viatura com perna de pau a rolar pela picada fora!
A criatividade latina, aliada à larga experiência africana, de um homem para quem a vida em África não tinha segredos, era capaz de arranjar soluções para as cenas mais incríveis.

Não sabemos se ainda é vivo... mas uma coisa é certa... figuras como o Carlindo nunca morrem... são imortais!
Esteja em que mundo estiver... Viva o Carlindo!

A foto do batelão faz parte da preciosa colecção de fotos históricas dos Pioneiros de Mecula, enviada ao blogue pelo nosso contribuidor - Francisco Vaz Lourenço.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

VILA CABRAL e LICHINGA

A cidade OCTOGONAL projectada pela Comp. de Engenharia 521.


LICHINGA moderna no Google Earth com o OCTOGONO de nascença.


A foto de Vila Cabral de 1965, foi uma contribuição de Irlando Tavares da CEng. 521

FINTAMOS uma Mina !

Houve sempre alguém que durante a guerra colonial (para o bem e para o mal), influenciou as decisões de terceiros e o resultado dessas decisões.
Este post é dedicado ao condutor Moreno (Campos) pela sua coragem que sempre demonstrou e pela importância que teve na história que vos vou contar.

Chegou a notícia a Mecula que tinha rebentado uma mina na picada de Mussoma / Mecula, havia feridos para evacuar e uma Berliet para rebocar.

O furriel mecânico Antunes pede ajuda, fomos com ele.
Nestas situações, perdia-se a cabeça, arriscava-se demasiado ninguém queria perder tempo (complexo de bombeiro) havia vidas para salvar.
Com alguma dose de irresponsabilidade à mistura, colocavam-se em perigo outras vidas.
Geralmente fazia-se REVIS de cima da Berliet, seguindo a continuidade das marcas dos rodados nos trilhos. Uma autêntica loucura.
Corremos ao encontro da coluna e "fintamos" uma mina!
Ao longo do trajecto fizemos vários desvios, sempre que havia dúvidas na falta de continuidade das marcas dos pneus.
No exemplo da figura anexa, ainda hoje não temos a certeza se o Moreno fugiu da poça de água ou se desconfiou da possibilidade de haver ali uma mina.

Chegados ao ponto de encontro das colunas, perguntamos pelos feridos.
Resposta: Já foram evacuados para Mussoma, agora vocês rebocam para lá esta viatura minada.
Perguntaram: Não encontraram mais minas? Como vieram?
Informamos o CMDT da coluna que fizemos vários desvios, a picada não estava limpa.
Ele disse-nos: Vamos picar uns kms agora já não temos pressa!
Ainda bem que o fizeram, passados poucos kms lá estava a mina junto à poça de água.
No nosso regresso a Mecula, ao depararmos com a cratera na picada... nem queríamos acreditar... meu Deus o Moreno tinha fintado uma mina!

Esta mina ficava "esquecida" se a coluna passa (pelos novo trilho) sem picar. Mais tarde podia fazer estragos... era uma mina relógio...mas não era uma mina de carretos.

Quando o Moreno não levasse galinhas (ele cobrava os fretes), é porque o povo (***) não quis ir com ele na primeira viatura.
Dizia o Moreno: Furriel, hoje não levo "malaco", mande picar vai haver minas!

O Moreno já faleceu, vítima de doença prolongada. Paz à sua alma.

(***)
( O teste ao povo era uma maneira eficaz de obter informações de última hora. Quando se negassem a subir para a rebenta minas, havia minas de certeza. Como era proibido viajar pessoas na primeira viatura... pelos motivos conhecidos .... passados poucos kms mudava-mos os passageiros para as outras viaturas. O teste já estava feito.)

Um texto de:
Ernesto Fernandes
Ex-furriel miliciano sapador do BCaç.2914

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A humilhação do Inimigo !


Viajando pelo trilho normal ou pelo meio da picada em corta_mato a mina rebentava sempre, estava preparada para matar muita gente...


A estratégia do Batalhão dos Rangers de Mecula ( BCaç. 2914) consistia em conquistar o apoio das populações. Para não as hostilizar só era permitido visitar o aldeamento com a farda de saída, como quem vai para uma festa.
Ao contrário quando saíam em serviço, os Rangers, vestiam os camuflados com as camisolas interiores de Rangers à vista...os lenços ao pescoço, e as fitas da HK_21 ao pescoço. Era aquela imagem do poder belicista absoluto. Quem se meter connosco, leva forte e feio. Durante dezoito meses, pensamos que resultou em pleno esta encenação.
Decide então a Frelimo fazer passar a mensagem às populações locais de que castigavam severamente todos aqueles que colaborassem com a tropa.
Assim se explica o ataque à bazucada ao Land Rover onde viajava o Aguenta Inglês (guia) e mais de uma dezena de mulheres e crianças. Foi o maior massacre, ali perto de nós! Catorze mortos.
Os homens da APSICO não perderam tempo, ao publicar o jornal Mtimbo, acusando a Frelimo de só atacar populações indefesas de mulheres e crianças. Foi a HUMILHAÇÃO do INIMIGO !
Óbviamente, não restava outra solução ao IN senão salvar a sua honra... e para isso teriam de dar uma resposta muito cruel e demonstrar às populações que não tinham medo da tropa portuguesa.

Esta "SUPER_MINA" era para matar muito militar e assustar quem ainda tivesse dúvidas.



Passado o cruzamento do Candulo, valeu-nos a atitude "rebelde" do condutor Melo em que se recusava conduzir o Pincha Mercedes no caso dos camaradas não picarem. O alferes Coelho (Sapador) ainda exitou, afinal não havia notícia de haver minas por estas bandas.
Já havia umas "bocas" que eles (IN) haviam de atacar... decidimos "democraticamente" começar a picar. Não havia pressa na missão, apenas se pretendia tirar a medida às tábuas da ponte do rio Incalaué.
Nos primeiros cinco quilómetros nada aconteceu. Segue-se a segunda equipa a do alferes Coelho que só andou cem metros e viu logo a "super_mina".
Inspecionado o local verificamos haver um rego cavado em direcção ao meio da picada. Tiramos de lá 38 petardos, enchemos um saco de lona e paramos de cavar.
Nas duas minas não mexemos, podiam estar armadilhadas.
Segui-se a detonação das minas de acordo com as regras de segurança.
Avançamos mais um km e de novo uma mina metálica anticarro.
Como não resultou esta operação da Frelimo, mais tarde fizeram a primeira e única EMBOSCADA junto á ponte de rio Incalaué na picada de Mussoma / Mecula para provar às populações que afinal não tinham medo da tropa. Houve alguns feridos.

Foi um mau serviço.... aquela acção dos homens da APSICO.... porque foram deitar gasolina no fogo. Não havia necessidade, estava tudo controlado !
Pela boca morre o peixe... podíamos ter morrido muito de nós !

O post é dedicado ao Melo, que "fez o milagre" de nos obrigar a picar. Um grande abraço para o Melo.

Um texto de:
Ernesto Fernandes
Ex- furriel miliciano sapador do BCaç. 2914

Minas de "RELÓGIO" ou de carretos ?



Tem-se falado muito de minas de "relógio" ou de carretos que só disparavam à passagem de certo número de viaturas. Nunca vi nenhuma, não sei se alguém fotografou alguma...
Tenho outra teoria.
Não faziam falta minas especiais, bastava coloca-las no terreno de forma inteligente e matreira.
Outras vezes éramos nós, que com o nosso desenrascanso ao viajarmos em corta mato fugindo dos trilhos normais, que deixávamos para trás "minas normais" nos trilhos e agora passavam a "minas esquecidas".
Também podia haver colocação de minas de forma inteligente, e quero acreditar que aconteceu várias vezes no meu tempo.
O Cardoso (condutor) morreu à sétima passagem, e o Cardoso (mecânico) morreu depois de terem passado mais de trinta viaturas. São estes dois casos que nos fazem meditar...

Com o detector magnético os homens varriam uma largura maior da picada, mas a andar a 4 a 5 km hora não podiam varrer muito.
Só depois de encontrar uma mina é que se baixava a velocidade de trabalho e a limpeza era maior. Com as PICAS de verga de aço era "sempre a abrir", praticamente só limpavam o trilho.

Geralmente o IN desenhava o rodado com resto de pneus rebentados... um dia encontrei uma mina com desenho de pneu chocolate... quando o rodado da ultima viatura que passou no trilho era zigzag. Se calhar fizeram o serviço de noite, só tinham aquele carimbo.
Vimos a mina a 5 metros de distância... a nossa experiência já era grande.
Então uma mina colocada fora do trilho, a terra podia ser alisada que ninguém desconfiava..
Qualquer condutor menos disciplinado no fim de coluna podia rebentar uma dessas minas estratégicas ou esquecidas.
Agora reparem como era fácil passar despercebida uma mina fora do rodado... quando se fazia apenas REVIS do cimo da Berliet seguindo a continuidade do rodado!
Nos próximos posts, vou dar dois exemplos concretos para justificar esta teoria!

Um texto de :
Ernesto Fernandes
Ex- furriel miliciano sapador do BCaç. 2914

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os Engenheiros da Ponte do Lugenda

Os veteranos de guerra da Companhia de Engenharia 521, que teve a sede em Vila Cabral (Lichinga).

A Companhia de Engenharia 521 é oriunda da Escola Prática de Engenharia em Tancos. Era formada por 155 militares.
-- 4 oficiais. 3 engenheiros e 1 arquitecto. 1 engenheiro era o Comandante da Companhia,com a patente de capitão.
-- 13 sargentos
-- 138 soldados
Partida de Lisboa a 23 de Novembro de 1963. Regresso 1 de Março de 1966.
Em Moçambique a sede da Companhia foi sempre em Vila Cabral.

O post de hoje é dedicado aos Engenheiros da Ponte do Lugenda (Musoma).
Parabéns pela vossa obra de arte, ainda hoje está em pé, ou não fosse a 521 a fazer as fundações!

A foto e o texto foi uma contribuição de Irlando Tavares da CEng. 521

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Rotas de Mecula


Uma sugestão em tempo de férias, três caminhos para chegar a Mecula:
De Lichinga por Marrupa, Nanlicha, Lugenda (Mussoma).
O mais interessante é viajar a partir de Pemba por Montepuez.
Depois podem ir por, Balama, Nungo até Marrupa. O caminho mais curto é por Montepuez, Nairoto, Xixano e apanhar a "autoestrada" de Negomano até Lugenda.

Mbatamila é a sede da Reserva do Niassa, fica na picada do antigo Candulo (antes das pedreiras) com as seguintes coordenadas: (S 12 11 01 E 37 33 03 ).
As reservas de caça ficam ao longo do rio, na margem direita do Lugenda, até Negomano.
Boas férias!

sábado, 8 de agosto de 2009

O Saraiva "abria as tripas" ao RACAL

Podia não haver nada que comer... mas, o cantil com água, a espingarda G3 e o rádio RACAL não podiam faltar.
O RACAL TR_28, era um rádio emissor receptor desenvolvido pelos sul africanos em 1968. O rádio já era transistorizado, consomia menos energia.
Funcionava por canais. Tinha um comutador de canais que tem as "frequências gravadas" em "cristais". Os chamados "cristais" são umas peças que eram soldadas no circuito do rádio e que por vezes se "queimavam".
O furriel miliciano radio_montador, Saraiva, era muito "engenhocas" e competente. Ficava "stressado" quando tinha de esperar um mês ou mais pela volta dos equipamentos Racal enviados para reparação em Nampula.

Não sei a que propósito, encontrei o Saraiva numa esplanada de um café em Nampula (devíamos estar os dois de viagem de regresso de férias), e ele disse-me:
Vem comigo ali à oficina de radiotécnica.
Lá fomos à dita oficina, onde ele pediu ao sargento para lhe dispensar uns "cristais" para os nossos rádios Racal do BCaç. 2914.
Resposta: Ó nosso furriel não conhece as NEPs?
Não faz parte da sua competência... mexer no Racal lá no mato onde nem sequer ferramenta tem. Ora bem, em termos teóricos, estava certo, aquilo já era um equipamento de alta tecnologia... e podia ser queimado por um "habilidoso" qualquer que se atrevesse a mexer no aparato.
A tropa manda desenrascar.... o Saraiva foi falar com um irmão do alferes Baltazar da CCaç. 2706 (o meu amigo João)... e acabou por trazer para Mecula uma mão cheia de CRISTAIS, condensadores e resistências.
Ficou a promessa ao amigo João... se algum rádio se queimasse na oficina de Mecula depressa "morria" numa mina e depois se enviavam os estilhaços e o respectivo auto de destruição para a oficina de Nampula!

Acordo feito, material recolhido e lá vai o Saraiva para Mecula.
Uma coisa é certa: Nunca mais houve rádios, avariados em Mecula, em lista de espera! Com um simples multímetro e chaves de parafusos, alicate e ferro de soldar, o Saraiva abria as tripas ao Racal !

O post de hoje é dedicado ao Saraiva, que teve a coragem de se marimbar para as NEPs e resolver os problemas lá na frente de combate! Arranjou todos os rádios, que tanto jeito fizeram para salvar algumas vidas.

Um abraço para o Saraiva. Como ainda tenho boa memória ao fim de quarenta anos lembrei-me desta história. Embora sendo verídica, posso ter acrescentado um ponto e por essa razão vou chamar-lhe um conto.
Um conto de:
Ernesto Fernandes
Ex-furriel miliciano sapador do BCaç. 2914

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Chiulézi, uma espécie de Tarrafal !

Toda a gente que foi ao Chiulézi, passou pelo "Chapéu de Coco", tremeu de medo... ali era a segunda "fronteira" da guerra. A primeira seriam as "Pedreiras do Candulo", isto para quem viajasse no sentido de Mecula para o Chiulézi.



A ponte sobre o rio Chiulézi (agora, com um açude novo ?), seria a maior obra de arte da região!


As casernas "fritadeiras" tipo Tarrafal !


A cozinha "tradicional" do Chiulézi.


Uma cozinha reformada pelos novos residentes.

Também um dia passei pelo "Chapéu de Coco" ! Já não me lembra se tive medo (ia acompanhado pelo meu amigo furriel Gomes, isso deu-me alguma confiança...). Naquela viagem no dia 26 de Setembro de 1971, da qual já foi colocado um post neste blogue, em que houve minas fora dos locais habituais... e que tivemos a sorte de as neutralizar. Nesse dia constatei que na mesma guerra havia gente que estava pior do que nós em Mecula... e vivia ali "desterrada e marginalizada" !
Em Mecula havia ventoinhas eléctricas no refeitório do rancho geral, água "encanada" com pressão para fazer "jacuzi", campos de jogos, capela e missa dominical e uma cantina civil com café-restaurante, além do aldeamento para ir "namorar" !
Grande qualidade de vida!
Viver no Chiulézi (dois anos) naquelas condições... foi de facto "um massacre" ou não tendo medo de usar as palavras e dizer: foi um dos "horrores" da guerra colonial !
Hoje sabemos que o stress é das piores doenças.

Compreendo perfeitamente os camaradas da CCaç. 2705 e a sua mágoa e "independência" em relação ao Batalhão.
Foram de facto os mais sacrificados, muito embora os do Candulo também não tivessem umas instalações famosas !
Todos nós, milicianos e restante pessoal, não temos culpas no cartório. Essas decisões eram tomadas em frente ao Neutel de Abreu... na messe de oficiais... pelos "gajos" do Estado Maior!

Entendo que é tempo de voltarmos a reunir o "Batalhão dos Rangers" por inteiro como acontecia em Chaves em 1970 !
Infelizmente somos cada vez menos... este ano também fui ao almoço da CCaç. 2705 e soube há dias que a pessoa que esteve a meu lado já faleceu.
Trata-se do alferes Andrade, que foi vítima de doença cardíaca! Paz a sua alma.


O post de hoje é dedicado aos camaradas de CCaç.2705 do BCaç.2914.

As fotos do Chiulézi foram uma contribuição, para o blogue, de Ferreira Pinto ex-furriel miliciano mecânico da CArt 3556 do BArt 3887, que também esteve no Chiulézi (1972-1974).

Um texto de:
Ernesto Fernandes
Ex-furriel miliciano sapador do BCaç.2914

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O TROVADOR do Chiulézi

Pedrosa, a costurar, ao lado do seu amigo Gomes.


Pedrosa, ex-furriel miliciano Atirador RANGER, da CCaç.2705 do BCaç.2914, era uma espécie de "Zeca Afonso ambulante", usava duas armas: a G3 e a viola!
Do Lussanhando até Marrupa, passando pelo Chiulézi, Candulo, Mecula, Mussoma, Nanlicha e Marrupa foram os palcos onde este "TROVADOR do Chiulézi" deu música ao pessoal.
Dava gosto ouvi-lo cantar e interpretar o "Cancioneiro do Niassa"!

O post de hoje é uma justa homenagem póstuma ao Pedrosa, (infelizmente já faleceu, vítima de doença.)
Deixou uma vasta obra escrita sobre a guerra no Chiulézi. Vamos pedir aos seus amigos mais chegados e à sua família autorização para publicar no blogue alguns capítulos da sua obra.

Pedrosa, Paz à tua alma!

Ernesto Fernandes
Ex- Furriel Mil. Sapador do BCaç. 2914

Poema de um Amigo !

(Clicar com o rato para ampliar e conseguir ler o poema)

António Rosa, escreveu assim:
Estimado Fernandes
Prometi no meu último correio que seguiria "dando guerra" e aqui estou com esse propósito, e como prova, envio-te este poema, escrito pelo amigo e ex-companheiro Tenente Coronel Adriano Miranda Lima que,em 1972 ,era o capitâo comandante da CART 3558/BART3887.
Espero que consideres interessante a sua publicação no blogue, como homenagem aos companheiros do BART3887 e a todos aqueles que por essas longínquas terras passaram ".

Desde Málaga-Espanha um abraço do amigo

António Rosa, ex furriel mecânico de armas da CCS do BArt.3887.

Este post é dedicado a todo o pessoal do BArt. 3887, com belíssimo poema sobre terras de Mecula .