sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O "lendário" CARLINDO !

Escrever a história de Mecula, do século vinte, sem falar do CARLINDO uma figura "lendária" da Serra Mecula seria um crime sem perdão.
Quem de vocês não conheceu o Carlindo? A resposta é obvia, todo o mundo se lembra do homem dos sete ofícios que era o Carlindo e a sua grande paixão por África.
O Carlindo começa a sua vida em Terras de Mecula (Mussoma) como cantineiro, aliás, foi sempre a sua actividade principal ao longo da vida. Aqui nesta foto manobra o batelão de atravessamento do rio Lugenda no ano de 1961.
A ponte do rio Lugenda não existia, aqui no blogue já fizemos referência que foi construída mais tarde pela CEng. 521.
Conhecemos o Carlindo em 1970, várias vezes fomos almoçar (tal como vós) ao "Restaurante Carlindo" de Mecula ou comprar elástico para as botas na sua tenda ao lado... mas é dos "safaris" nocturnos que eu tenho as melhores recordações do Carlindo.
E tantas histórias se podiam contar de um homem com uma paixão enorme por África que nos ensinava a viver no meio do mato com um mínimo de recursos disponíveis.
O Carlindo era a logística local do aldeamento, não consigo imaginar Mecula sem o Carlindo.
Quando era preciso levar alguém ao médico... lá ia o Carlindo. Quem levava o pão ao Micunde... era o Carlindo. Os cantineiros podiam ganhar dinheiro com as populações... mas na falta de outras estruturas sociais, não sei como se conseguem sobreviver sem eles.

Não resisto em deixar de vos contar a história da "perna de pau":
Um dia partiu-se um feixe de molas de uma viatura. O Carlindo vai connosco na coluna militar, então decide ser ele a resolver o problema. De imediato ordena aos seus empregados moçambicanos para cortarem um pau e fazerem uma corda com casca de árvore.
Colocado o pau no sitio da lâmina de molas e o conjunto amarrado com aquela corda... lá vai a viatura com perna de pau a rolar pela picada fora!
A criatividade latina, aliada à larga experiência africana, de um homem para quem a vida em África não tinha segredos, era capaz de arranjar soluções para as cenas mais incríveis.

Não sabemos se ainda é vivo... mas uma coisa é certa... figuras como o Carlindo nunca morrem... são imortais!
Esteja em que mundo estiver... Viva o Carlindo!

A foto do batelão faz parte da preciosa colecção de fotos históricas dos Pioneiros de Mecula, enviada ao blogue pelo nosso contribuidor - Francisco Vaz Lourenço.

2 comentários:

  1. Há alguns anos, que venho perguntando aos camaradas que estiveram comigo no Lugenda,quando saí, o destacamento ainda lá ficou uns meses,se sabiam do paradeiro do Carlindo.Ninguém sabe. Só há dias soube que tinha deixado a cantina em Mussoma e que tinha ido para Mecula.
    Cheguei a Mussoma em princípios de 1965,o ano de 1964 foi passado em Vila Cabral.O nosso destacamento,no Lugenda, apoiava-se muito na ajuda que o Carlindo nos dava.
    Era o apoio na alimentação,muitas vezes era ele que ia a Marrupa buscar os víveres,era o apoio na caça,etc.Mas foi com a caça que nos tornámos amigos.A única pessoa em quem ele confiava para manobrar o farol nas caçadas nocturnas era eu.Ofereceu-me um quarto na sua casa e,durante uns meses lá pernoitei.
    Quando o Carlindo precisava ausentar-se por duas ou três semanas.A responsabilidade da Cantina,fora das horas de serviço,era minha,
    e,também da mulher com ele vivia, Pit Macande
    de seu nome,e de quem tinha um filho.
    A cantina do Carlindo era a mais completa que conheci em todo o distrito.Tinha a mercearia,tasca,alfaiataria,secção de mecânica e secção de fotografia,eu próprio tirei centenas de fotos,tipo passe, para que os habitantes de Mussoma e também de outras aldeias da região, pudessem entregar no posto para se legalizarem.São muitas as estórias que envolvem o Carlindo.Por isso.
    Viva o Carlindo.Viva o Lugenda.Viva Àfrica.

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  2. olá desde já deixo os meus cumprimentos e digo o alivio e jubilo que sinto ao encontrar este blogue.
    eu sou edgar silva filho de edgar mendanha e silva e maria luisa morais. nasci em mecula e fui batizado em mecula. o meu padrinho foi o carlindo fernandes pinho. perdi o contacto com ele quando os meus pais foram forçados a abandonar africa. se alguem souber algo sobre o meu padrinho algum contacto agradeço do fundo do meu coraçao.
    edgar.morais.silva@gmail.com

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