sábado, 15 de agosto de 2009

Os PIONEIROS de Mecula - (2)

O Comandante dos PIONEIROS de Mecula (primeiras tropas -1961), depois de uma jornada de caça, com o troféu e a sua Mauser.



O içar da bandeira, símbolo da soberania de Portugal, no quartel de Mecula Velha na encosta da Serra Mecula. Espingardas Mauser, farda caqui... soldados eram todos moçambicanos...

Francisco Lourenço, escreve assim e narra factos históricos de há 48 anos:
"Cheguei a Mecula em Julho de 61, com 22 anos, tinha terminado o COM em Janeiro, aspirante em Leiria durante 3 meses, em 26 de Abril levantava voo num avião da TAP, chego a Nampula, e em fins de Junho chego a Marrupa, passados uns dias aí vou para Mecula com o meu Pelotão. Tive a sorte de me acompanhar o Nogueira, Sargento do quadro, pessoa bem formada, que compreendeu a inexperiência militar do seu comandante do Pelotão e se dispôs a ajudá-lo!

Estou ainda a ouvi-lo, apesar de ter falecido pouco tempo depois de regressar: "Meu Alferes, estão aqui os boletins das viaturas para assinar" "Olhe já pode assinar os mapas do géneros consumidos" " É preciso fazer a requisição de combustíveis" etc etc etc, sempre a tempo e horas e comum grande ávontade mas com respeito, nunca abusando da ignorância que sabia que eu tinha nestas matérias! Foi um verdadeiro apoio que fez com que as coisas corressem menos mal.

A primeira complicação veio com as chuvas! Cheias do Lugenda e do "Incalaua" fizeram com que as nossas refeições durante 22 dias fossem de esparguete ao pequeno almoço, almoço e jantar e sem pão porque a farinha fermentou com o calor e a humidade. O problema só se resolveu quando o Incalaué permitiu a passagem do Unimog, para ir até ao Lugenda onde o material era passado nas pirogas, às vezes duas acopladas".
Um abraço do Vaz Lourenço
Ex-alferes miliciano da CCaç. Marrupa (1961)


Nós que estivemos em Mecula e tínhamos ao nosso dispor: enfermeiros, médicos, fotocine, padre, capela, táxis aéreos, ponte no Lugenda, Berliet, rádio Racal, rádio Marconi, câmara frigorífica, cerveja, coca-cola, restaurante Carlindo, machamba, gerador eléctrico, água encanada, chuveiros, casas de banho... etc, etc... nao conseguimos imaginar como seria viver naquelas condições...

Só os camaradas do Chiulézi e do Lussanhando são capazes de imaginar como seria a vida do alferes Lourenço em Mecula Velha.

O blogue está a permitir redescobrir coisas imagináveis... com a vossa colaboração estamos a divulgar factos e retalhos da história militar de Mecula desconhecidos de todos nós.
Quanto mais "cavamos"... mais material estamos a recolher!
Vamos continuar... está a ser um trabalho fascinante para o gestor do blogue, acreditem.

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