No post de hoje vamos "tentar" justificar as razões das divergências entre os militares milicianos e os seus camaradas do Quadro Permanente.
Uma letra do Cancioneiro, começava assim: " Estou farto deles... só mandam vir... só mandam vir... e não fazem nada" !
Era uma espécie de grito de revolta que retratava a diferença de estar e do sentir a guerra!
As forças armadas são uma organização muito hierarquizada, altamente disciplinada, uma organização vertical em forma de pirâmide que no seu vértice superior tem um general.
Os militares na sua cultura e espírito de corpo organizado estão obrigados à obediência através da sua Cadeia de Comando.
Quem não quisesse ter problemas de promoção na carreira, não podia ( pelo menos não devia ) tomar iniciativas pessoais.
Para além do RDM ( Regulamento de Disciplina Militar ), havia as NEPs ( Normas de Execução Permanente ) onde constavam todos os procedimentos da guerra.
A grande maioria dos militares "profissionais" limitavam-se a fazer aquilo que, constava das NEPs ou em casos omissos só se, tivessem autorização expressa da Cadeia de Comando.
A isto chama-se uma ORGANIZAÇÃO PASSIVA.
Do outro lado está um exército de milicianos, alferes e furriéis da mesma idade, colegas de liceu e escola técnica, tratam-se por tu e dividem as decisões, dividem o pão e o sangue quando for necessário.
Eram a estrutura executiva da guerra, estavam na frente de combate ( pelotão ou secção ) e nos serviços e nas especialidades.
Aqui não se disputavam promoções individuais de carreira militar... não davam muita importância à Cadeia de Comando... funcionavam em rede... existia uma grande cumplicidade e solidariedade entre eles.
As decisões eram tomadas na hora e de acordo com as necessidades, aproveitando sinergias disponíveis e tentando fazer obra, assumindo todas as responsabilidades ( pior já nada lhes podia acontecer.... no caso de irem para a prisão estavam livres dum tiro ou de pisar uma mina !).
A isto chama-se uma ORGANIZAÇÃO ACTIVA.
Na mesma guerra, coabitando duas sensibilidades tão distintas tinha que haver grandes divergências no modo de estar e sentir a guerra.
Nem sempre a amizade individual conseguia superar o posicionamento de cada um dos grupos, sendo o CANCIONEIRO do NIASSA um importante documento histórico que retrata bem o sentimento da tropa dos milicianos, e a crítica cerrada aos oficiais do Estado Maior que longe da guerra lá no Q.G. de Nampula "só mandavam papais"!
Um texto de opinião de:
Ernesto P. Fernandes
Ex - Furriel Miliciano Sapador do BCaç. 2914
Uma letra do Cancioneiro, começava assim: " Estou farto deles... só mandam vir... só mandam vir... e não fazem nada" !
Era uma espécie de grito de revolta que retratava a diferença de estar e do sentir a guerra!
As forças armadas são uma organização muito hierarquizada, altamente disciplinada, uma organização vertical em forma de pirâmide que no seu vértice superior tem um general.
Os militares na sua cultura e espírito de corpo organizado estão obrigados à obediência através da sua Cadeia de Comando.
Quem não quisesse ter problemas de promoção na carreira, não podia ( pelo menos não devia ) tomar iniciativas pessoais.
Para além do RDM ( Regulamento de Disciplina Militar ), havia as NEPs ( Normas de Execução Permanente ) onde constavam todos os procedimentos da guerra.
A grande maioria dos militares "profissionais" limitavam-se a fazer aquilo que, constava das NEPs ou em casos omissos só se, tivessem autorização expressa da Cadeia de Comando.
A isto chama-se uma ORGANIZAÇÃO PASSIVA.
Do outro lado está um exército de milicianos, alferes e furriéis da mesma idade, colegas de liceu e escola técnica, tratam-se por tu e dividem as decisões, dividem o pão e o sangue quando for necessário.
Eram a estrutura executiva da guerra, estavam na frente de combate ( pelotão ou secção ) e nos serviços e nas especialidades.
Aqui não se disputavam promoções individuais de carreira militar... não davam muita importância à Cadeia de Comando... funcionavam em rede... existia uma grande cumplicidade e solidariedade entre eles.
As decisões eram tomadas na hora e de acordo com as necessidades, aproveitando sinergias disponíveis e tentando fazer obra, assumindo todas as responsabilidades ( pior já nada lhes podia acontecer.... no caso de irem para a prisão estavam livres dum tiro ou de pisar uma mina !).
A isto chama-se uma ORGANIZAÇÃO ACTIVA.
Na mesma guerra, coabitando duas sensibilidades tão distintas tinha que haver grandes divergências no modo de estar e sentir a guerra.
Nem sempre a amizade individual conseguia superar o posicionamento de cada um dos grupos, sendo o CANCIONEIRO do NIASSA um importante documento histórico que retrata bem o sentimento da tropa dos milicianos, e a crítica cerrada aos oficiais do Estado Maior que longe da guerra lá no Q.G. de Nampula "só mandavam papais"!
Um texto de opinião de:
Ernesto P. Fernandes
Ex - Furriel Miliciano Sapador do BCaç. 2914
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