O livro do Batalhão era uma publicação oficial, da antiga Região Militar de Moçambique (durante a guerra colonial), a que cada unidade militar tinha direito para relatar toda a sua actividade operacional durante a comissão de serviço.
Nem todas as unidades militares se deram ao trabalho de escrever a sua própria história.
Vai daí a razão da surpresa, de alguns de nós, nunca imaginamos um dia poder vir a ler tão requintados documentos históricos !
A linguagem utilizada está de acordo com os padrões oficiais e contexto histórico da época, (já passaram quarenta anos), estamos a apresentar-vos um documento histórico, e a História nunca se apaga, respeita-se !
No post de hoje vamos publicar a mensagem do Comandante do BCaç. 1906, que diz o seguinte:
Missão cumprida
Foi em 13 de Janeiro de 1967 que, pela primeira vez, formou completo o Batalhão de Caçadores n.° 1906, na parada do Glorioso B. I. n." 15, em TOMAR, a fim de lhe ser entregue o Guião da Unidade. Nessa altura, ao fazer uma breve resenha da História do Regimento, cuja bandeira é a mais condecorada do Exército Português, chamei-vos a atenção para a sua divisa: NON NOBIS..., que pode ser traduzida - NÃO POR NÓS, MAS PARA UMA MAIOR GLORIA DE PORTUGAL-e exaltei-vos para que vos mantivésseis sempre «FIRMES E CONSTANTES» e honrásseis as nobres tradições do Glorioso Exército a que todos temos a honra de pertencer.
Passados dois anos depois que deixastes a Capital do nosso querido e lindo PAIS, e fazendo um exame de consciência podemos concluir, sem receio de sermos desmentidos, que os Homens do Batalhão de Caçadores n.° 1906 souberam bem cumprir a sua missão, honraram a divisa do seu guião e glorificaram o Exército e PORTUGAL.
Sempre «FIRMES E CONSTANTES» quer nas terras do NIASSA, quer a Norte do Rio Zambeze, vós perseguistes com valor e audácia os bandoleiros, embora para isso alguns tivessem de verter o seu sangue.
Muito suor e algumas lágrimas foram derramadas na abertura ou reparação de itinerários e obras de arte ou construindo edifícios, na edificação de Aldeamentos e abertura de poços e em muitos outros serviços que decisivamente contribuíram para o bem estar das tropas e o progresso social das Populações.
Muito sofrestes nas picadas e matagais da Grandiosa, rica, bela e bem Portuguesa Província de Moçambique e que agora melhor ficastes a conhecer e a amar. Muitos episódios bem gravados nos vossos corações serão recordados peia vida fora e será sempre com orgulho e altivez que falareis do Ultramar, que com o vosso esforço e o vosso sacrifício ajudastes a manter para que os portugueses de todas as raças, cor e religião, e falando a mesma língua, possam viver em paz e harmonia. Agora sabeis por experiência própria quão grande, rico e belo é PORTUGAL e, altiva e orgulhosamente, podeis dizer aos comodistas, egoístas e derrotistas e àqueles que maldosamente vos insinuem o abandono do Ultramar que eles não são dignos de viver sob a Bandeira das Quinas.
Nesta hora em que cada um regressa aos seus lares, quer continuando a envergar a farda, quer dedicando-se a profissões civis, desejo afirmar-vos que foi uma grande honra para mim ter-vos comandado e peco-vos que, pela vida fora, não esqueçais as lições de boa camaradagem e são convívio tido nos 24 meses passados nesta Província, que chama por todos os bons Portugueses.
(Janeiro de 1969)O COMANDANTE DO BCaç. 1906
JOSÉ GUARDADO MOREIRA
Tenente Coronel
Agradecemos ao nosso amigo, ex-furriel miliciano atirador, Álvaro Ferreira da CCaç. 1653 do BCaç. 1906, a sua contribuição para o blogue ao emprestar-nos o seu livro do Batalhão.
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