terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Feiticeiro de Gomba

 Tába-Tába com os militares da CCaç. 1653 e alguns elementos da população de Gomba.


Corria o ano de 1967... ( ler a história completa no Arquivo da Serra).

Em Gomba, zona em que me encontrava na altura, quando começaram a desmatar o terreno escolhido para a construção de um desses aldeamentos, surgiu um obstáculo que não estava previsto: Um enorme imbondeiro, (seis homens de mãos dadas, não o conseguiam abraçar; era necessário entrar um sétimo), “recusava-se” a cair. O chefe daquela zona (Régulo???) conhecido entre os militares por “Grande Chefe Tába-Tába”, andava há já uns dias com uma equipe de 20 ou 25 homens a tentar derrubar o “monstro”, sem o conseguir.
O comandante da minha companhia, perguntou-me se eu conseguia fazê-lo, utilizando explosivos. Respondi de imediato que sim, só que não teria a certeza da quantidade necessária para o fazer.
Para que a operação resultasse, pedi que me abrissem 4 buracos a toda a volta da árvore, onde coubesse um punho. Em cada um desses buracos, meti o explosivo, ( Cargas atacadas ), ligados entre si por cordão detonante. Pronto que estava para executar a parte final do meu trabalho, pedi que todo o pessoal se abrigasse e, como mandam as regras, escolhi o sítio onde me iria abrigar após dar início à combustão do rastilho. Para lá levei o Tába-Tába que estava admirado com aquele aparato. Depois de toda a gente abrigada, dirigi-me para o imbondeiro, a fumar pacatamente e, em chegando lá, com o cigarro, inicio o rastilho.
É indescritível a visão do que sucedeu naqueles segundos. Mesmo eu fiquei admirado com o resultado. A meu lado, o Grande Chefe Tába -Tába tinha os olhos que parecia querer saltarem das órbitas; não queria acreditar no que estava a ver.
Fui um privilegiado pois, a partir dessa altura, tinham-me um respeito (medo) ou (?!?!?!) que eu podia, mesmo que fosse de noite, andar desarmado que ninguém me tocava com um dedo que fosse.
Constava por toda a zona que o Furriel Pires tinha "XICUEMBO” que significa “feitiço”, segundo me disseram em dialecto Changana.

Um conto de:
Domingos Azenha Pires
Ex-furriel miliciano da CCaç. 1653 do BCaç. 1906

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