sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O estaleiro da Ponte LUGENDA - Capítulo I

Irlando Tavares, ex-furriel miliciano,  desenhador  da Companhia de Engenharia 521, com sede em Vila Cabral (Lichinga), participou na montagem do estaleiro das obras da ponte e na  criação do Destacamento do Lugenda; mais tarde designado por destacamento de Mussoma. A propósito desta obra e da actividade da Companhia de Engenharia no Niassa, disse o seguinte: 
Partimos de Lisboa em 23 de Novembro de 1963 e fomos para Vila Cabral onde foi sempre a sede da Companhia. Os primeiros destacamentos foram o LUGENDA, Valadim, Luatize, Messengueese e outros. Claro que a obra mais importante era a Ponte do Lugenda, pela sua dimensão e dificuldade de execução. 
No que respeita à ponte do Lugenda, levamos algum tempo a iniciar as obras, foi preciso transportar todo o equipamento pesado e fazer a preparação técnica relacionada com a sua localização.
Depois a montagem do estaleiro, a exploração da pedreira que forneceu a matéria prima.
Além dos militares que trabalharam nas obras, recrutamos cerca de 100 moçambicanos dos aldeamentos vizinhos para os trabalhos das fundações. Pela nossa parte fizemos 11 pilares da ponte ! A companhia de engenharia que nos rendeu continuou os trabalhos até à chegada de uma empresa civil que colocou o tabuleiro (tarefa demasiado complexa para os escassos meios da Engenharia Militar).

 
O primeiro edifício construído no Lugenda pela engenharia militar

Irlando da Costa Tavares, ex-furriel miliciano,  desenhador  da Companhia de Engenharia 521, disse o seguinte:
"Estive no Lugenda, em 1965, mas cheguei a Vila Cabral em 1963. O ano de 1964 foi passado na sala de projecto em Vila Cabral. No entanto, foram enviados vários destacamentos para o mato onde se instalaram em acampamentos, entre eles o do Lugenda. Havia muito trabalho a fazer antes de dar inicio à obra da ponte. Procurar a pedreira, construir o acampamento (quartel), tratar da segurança. Nesta altura não tivemos nenhuma companhia de infantaria a dar-nos protecção.
Eu próprio em 1965 trabalhei nas obras da ponte e ainda participei na abertura das trincheiras de defesa do Destacamento.
Fomos os primeiros a chegar, o Destacamento do Lugenda foi "fundado" pela Companhia de Engenharia 521."

Esta belíssima construção, muito "ecológica", foi obra dos engenheiros da ponte.


  
 Quando a sede pedia uma "bazuca" Laurentina !










Quando um barbeiro, vinha ao Lugenda, era dia de festa !


Os engenheiros da ponte a caminho do Destacamento de Lugenda




Sendo a região muito rica em caça grossa,  (não é por acaso, que começa  ali a Reserva do Niassa), os engenheiros da ponte tinham um "talho" bem fornecido. Nem era preciso ir à loja do Carlindo (o tal "lendário" Cantineiro estava naquela data estabelecido no Lugenda).



Esta foto foi tirada no ano de 1971, no tempo da Companhia Caçadores 2707, nessa data o destacamento era apelidado de Mussoma; finalmente estiveram lá os militares da CART.3558 - (BArt.3887) até ao ano de 1974.  A história deste Destacamento está directamente ligada à construção e à defesa da ponte do Lugenda. 


Está assim descrita a história deste Destacamento desde a sua criação até ao fechar das portas da guerra !

4 comentários:

  1. O "monumento" perpetuava a passagem do 2º Pelotão da Cart. 3558 (Os Panteras), por Mussoma, hoje Lugenda.
    O 2º Pelotão era comandado pelo Alferes António José Castilho ajudado pelos Furrieis
    Jorge Ribeiro, Moisés Teixeira e JASantos.
    Um Abraço para todos os visitantes.

    ResponderEliminar
  2. Boa iniciativa por terem criado este blog. Faço este belo elogio porque sou nato destas inospitas terras. Ali nasci e cresci. Todas as imganes dão-me, obviamente, uma nostalgia e, porque algumas obras foram destruidas à força da dinamica social. Abraço forte ai, ex-soldados.

    ResponderEliminar
  3. As imagens fazem-me recorder para o passado e fico empregnado de uma nata de nostalgia. Nasci no ultimo momento da vossa estadia, mas encontrei fortes vestigios de terem passado ali homens divertidos. Via-se nas lixeiras garrafas de laurentina, as bazookas, caixotes de bacalhau.
    Força ai, ex-soldados. Mais publicações.


    ResponderEliminar
  4. Grande obra ali fizeram e hoje serve quem viaja por aquelas lindas terras hoje já tem poucos animais mas ainda tem alguns Bem ajam os obreiros daquela bela ponte Eu pessoalmente Faço manutenção naquela grande obra .

    ResponderEliminar