sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Viagens do Candulo para Chamba

O objectivo era chegar aqui, a esta linda aldeia fronteiriça situada nas margens do Rio Rovuma.


A viatura não era anfíbia. Mesmo assim, o Unimog Mercedes conseguia passar em todo o lado... até trabalhava dentro de água !

Passar o rio Chiulézi, mesmo quando a corrente tudo arrasta, era mais um dos perigos da viagem contudo o importante era chegar vivo a Chamba !


O alferes Orlando Azevedo também teve aqui, nesta picada, a sua primeira "prenda do IN" (uma berliet minada) numa das várias viagens que organizou a Chamba.


Atascar no tempo das chuvas era uma situação normal, bastava que o pessoal tivesse paciência.
O Unimog nunca chegava a ganhar raízes na picada !


O furriel Maduro parece estar admirado com o trabalho dos "artistas do IN" que dinamitaram a ponte nova sobre o rio Chiulézi .



Uma obra da engenharia militar com pilares de betão e vigas de ferro. Uma ponte que dava tanto jeito e estes "gajos do IN" resolveram fazer dela um monte de sucata.


Eram assim as viagens para Chamba (1970-1972). Quem por aqui andou e viveu ao vivo todos estes perigos sofreu bastante. As imagens mostram os diversos perigos e obstáculos que era preciso ultrapassar para chegar a Chamba.

As fotos pertencem à colecção de Orlando de Azevedo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um dia no cinema de Mecula


Estava a sala cheia. O refeitório do rancho geral de Mecula era o palco escolhido. Na primeira plateia as caras conhecidas do "jet set" local e alguns camaradas do Candulo e Chiulézi em viagem por Mecula.
As senhoras dos oficiais que viviam em Mecula vestiam-se a rigor como quem vai ao S. Carlos em Lisboa. Uma ida ao cinema era dia de festa no aquartelamento.
Por todas estas razões e com as expectativas tão altas nada podia falhar !
Os filmes eram de 16 mm e tinham o som gravado numa faixa da fita. A leitura do som era feita por uma célula fotoeléctrica.
Esta explicação técnica só faz sentido para os leitores do blogue perceberem a cena que vos vou contar.
Iniciada a sessão de cinema, a multidão começa a fica "quente" de euforia... e de repente funde-se a lâmpada que ilumina o som. Passamos a cinema mudo !
Faz-se logo o primeiro intervalo... apesar dos protestos ... o fotocine consegue disfarçar a avaria.
E agora?
Não há lâmpada de reserva... a última tinha fundido a semana passada, a irregularidade da corrente dos geradores provocava muitas avarias no material.
Sem que ninguém se aperceba do sucedido... o fotocine chama um soldado moçambicano conhecido pelo 120 e ordena-lhe que segure a lanterna com mão junto à máquina de projecção do filme para iluminar a leitura da célula !
O rapaz começa a ficar com o braço cansado, treme, treme com a mão e a lanterna de vez em quando foge de sitio exacto. A lanterna começa a ficar fraca.
O fotocine tenta disfarçar a avaria... coloca o som no máximo... e com aqueles tremeliques o som vai ficando rouco e tremido... mas o 120 tem de aguentar até ao fim.
O rapaz sua as estopinhas... quer ir embora, e suspira: furriel, não dá para aguentar... tenho a mão muito cansada ! Aguenta que é serviço... no final do filme vais beber uma bazuca !
E lá teve que aguentar se quis dar de beber à dor !
Terminada a sessão o fotocine respira fundo, tinha acabado de passar o cabo das tormentas.. dirige-se à multidão pedindo "desculpa" em nome dos artistas a quem tinha pedido que falassem mais alto (para resolveram um problema de som) e pelo seu esforço acabaram por ficar roucos !
A maior parte dos presentes nem deu por nada... o som era horrível... mas quem está na guerra e vai ao cinema diverte-se com tudo.
Nas transmissões em directo os profissionais das televisões dizem que fazem umas habilidades... mas comparados com estes fotocines da guerra colonial... nada, nada que se compare !
Eram assim as sessões de cinema em terras de Mecula. Um dia o fotocine vai contar outras situações ainda mais caricatas.
Uma vez iniciada uma sessão de cinema, jamais algo a podia parar... só um ataque à morteirada era capaz de desmobilizar o pessoal !
Vocês os visitantes da Serra Mecula sabem do que estou a falar!

A foto é uma contribuição de José Saraiva
Um conto de:
Ernesto P. Fernandes
Ex- Furriel Mil. Sapador do BCaç. 2914

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Visita ao interior do Candulo - (1970-72)

Houve festa no Candulo, pelo menos nesse dia não faltou a cerveja !


O aquartelamento do Candulo, em 1970, era a casa da CCaç. 2706 do BCaç. 2914.


Outra imagem do aquartelamento

A parada do quartel, com aquele edifício das colunas, uma imagem inesquecível para quem por ali passou...

Os oficiais Rangers do Candulo e o médico dr. Lima.

As fotos fazem parte da colecção de Orlando de Azevedo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Unidades Militares de Mecula

Tem havido por parte de alguns camaradas a "reclamação" de que houve mais companhias em Mecula e não foram referenciadas na página principal do nosso blogue.
De facto houve várias companhias que estiveram em Mecula e não foram identificadas como companhia isoladas. São companhias que fazem parte dos batalhões que tiveram a sua CCS em Mecula.
A nossa intenção foi descrever a importância militar de Mecula e explicar como funcionava a "quadricula" da estratégia militar.
No ano de 1961, Mecula teve um destacamento com um pelotão da Companhia de Caçadores de Marrupa.
Seguem-se as companhias: Cart. 636, Cart. 1595, CCaç. 1653.
O primeiro Batalhão com a CCS em Mecula foi o BCaç. 2836, depois vieram: o BCaç. 2880, o BCaç. 2914 e finalmente o BArt. 3887.
O BCaç. 2914 além da CCS teve em Mecula a sua CCaç. 2707.
O BArt. 3887 teve também a CArt. 3558 em Mecula, o que significa que foi sendo sempre reforçada a presença de tropas neste teatro de guerra !

Resumindo: Começou com um pelotão, depois uma companhia, seguindo-se um batalhão !
Deve ter havido fortes razões para esta configuração... todos nós que lá estivemos conhecemos algumas das razões para o reforço militar !

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Visita à encosta da Serra Mecula

Os antigos fornos na serra Mecula


Um grupo de Furriéis do BCaç. 2914 em visita à Serra Mecula, ao local onde esteve instalado o primeiro aquartelamento de Mecula.


Faziam parte do grupo, os Furriéis da CCS: Saraiva, Ramos, Lourenço (CCaç.2707), Borrego, Valente, Henriques e Fernando Ferreira (Almeida fez de fotógrafo, está na foto de cima junto ao Lourenço).
Nem toda a gente teve o privilégio de visitar este local dado que era necessário fazê-lo de uma forma organizada, pelos motivos óbvios de segurança.
Apesar do belo passeio e do piquenique, era obrigatório ir armado e preparado para responder a uma possível emboscada (1970-1972).

Junto à antiga Administração, na encosta da serra Mecula, foi aqui que existiu o primeiro aquartelamento de Mecula onde esteve o pelotão do alferes Vaz Lourenço da Companhia de Caçadores de Marrupa (1961).

As fotos são uma contribuição de José Saraiva e Vaz Lourenço.

domingo, 25 de outubro de 2009

Aquartelamento antigo de GOMBA

No ano de 1962 o aquartelamento de Gomba estava perfeitamente enquadrado na paisagem local, com a mesma arquitectura das palhotas da população do aldeamento.
Imaginável para quem viveu naquelas construções de blocos de betão e chapa de zinco ou os "menos favorecidos" que viveram nos "bidonville" tipo Lussanhando !

Esta foto faz parte de colecção de Vaz Lourenço.