quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal 2009















Também vim visitar a Serra...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MECULA 2009 - Postal de Boas Festas


Com este postal, da avenida nova de Mecula, desejamos (a todos os Visitantes da Serra) as Boas Festas e um Feliz Natal 2009.

Quem diria que o "polígono" militar de Mecula se havia de tornar no "campus" escolar do distrito!
(Click na foto para ampliar)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O NATAL no Mato (1970)

O Trovador do Chiulézi (saudoso Pedrosa) descreveu nas suas memórias, o seu primeiro Natal vivido no Chiulézi no ano de 1970.

Capítulo XXV - O Natal no mato

Depois de umas valentes centenas de quilómetros calcorreados pelo mato fora, uns mortos e alguns feridos à nossa volta, umas colunas de e para Marrupa e a malvada protecção à Companhia de Engenharia n.º 2686 sempre perigosa, já que, devido ao barulho desenvolvido pelos motores das viaturas de escape livre e das niveladoras, retroescavadoras e outras máquinas, nós estávamos sempre detectados pelo inimigo, lá chegou o tempo do Natal. O calor – Dezembro é Verão em Moçambique – a ausência das canções e do ar que esta quadra põe nas nossas longínquas terras nada o fazia lembrar ali, nos confins agressivos de capim e árvores a perder de vista. O medo de que os terroristas aproveitassem a época para nos fazer ver que ali não era o nosso lugar redobrou a atenção posta no horizonte sempre mudo.
Apesar de todas estas contrariedades, na noite-cedo-ainda-dia lá apareceu o bacalhau e pasme-se... batatas. Fomo-nos revezando dos postos de sentinela para a mesa grande previamente construída na parada ( um risco, dado o ajuntamento ) e lá se passou o dia 24 de Dezembro com o pensamento a voar para nossas casas e de certo com retorno. A tristeza era a única prenda no sapatinho.
Foi aqui que me lembrei do ano anterior em Chaves, que também estive de serviço. No dia de Natal de manhã com outro companheiro de infortúnio saí do quartel com a ideia fixa de lá não voltar naquele dia, nem para comer. Vagueámos pelas ruas da cidade ,sós, no meio das famílias reunidas cujas gargalhadas se podiam ouvir através das paredes. Por volta da hora do almoço, contados os parcos tostões decidimos entrar numa taberna de portões grandes e verdes numa travessa junto ao largo principal. Auscultados os preços das latas de conserva decidimos a nossa ementa por umas ovas de bacalhau, vinho e pão. Vieram azeitonas e com um sorriso da boca grande juntaram a estas, rabanadas, filhoses, pão-de-ló caseiro, jeropiga, bolos secos e até uns rebuçados. A seguir vieram as latas de conserva, o pão e o vinho. De voz baixa interrogámo-nos como iríamos pagar aquilo tudo. Uns sons melodiosos começaram a aproximar-se e um cortejo entrou tasca adentro tocando e cantando as janeiras. Um violino, uma trompete, uma gaita de foles e uma caixa que marcava o ritmo. Uma voz afinada desfiava canções populares. O frio cortante não nos deixava esquecer os 2 graus negativos e só a lenha na lareira à nossa frente o conseguia contrariar. Acabada a música foram distribuídos os copinhos de jeropiga e uns bolos. Lá seguiram a via sacra, de baiúca em baiúca com o som de Natal.
Entretanto acabado o repasto possível, chamámos o rapaz e com a voz a não querer sair perguntámos quanto era a despesa. Resposta pronta: - Boas Festas é o que lhes desejamos.
Retorquimos que ao menos o que tínhamos pedido mas em vão. – Não pagam nada! São militares, estão longe das famílias e a única coisa que podemos fazer é isto! Boas Festas. Se quizerem mais alguma coisa... E à nossa resposta de não obrigado, veio à mesma o presunto, com uma faca, mais pão e vinho. Esta gente é única.
Chamaram-me para ir render as sentinelas. E a realidade estava ali, mas mantive um sorriso de contentamento pelo Natal anterior.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Viagens do Candulo para Chamba

O objectivo era chegar aqui, a esta linda aldeia fronteiriça situada nas margens do Rio Rovuma.


A viatura não era anfíbia. Mesmo assim, o Unimog Mercedes conseguia passar em todo o lado... até trabalhava dentro de água !

Passar o rio Chiulézi, mesmo quando a corrente tudo arrasta, era mais um dos perigos da viagem contudo o importante era chegar vivo a Chamba !


O alferes Orlando Azevedo também teve aqui, nesta picada, a sua primeira "prenda do IN" (uma berliet minada) numa das várias viagens que organizou a Chamba.


Atascar no tempo das chuvas era uma situação normal, bastava que o pessoal tivesse paciência.
O Unimog nunca chegava a ganhar raízes na picada !


O furriel Maduro parece estar admirado com o trabalho dos "artistas do IN" que dinamitaram a ponte nova sobre o rio Chiulézi .



Uma obra da engenharia militar com pilares de betão e vigas de ferro. Uma ponte que dava tanto jeito e estes "gajos do IN" resolveram fazer dela um monte de sucata.


Eram assim as viagens para Chamba (1970-1972). Quem por aqui andou e viveu ao vivo todos estes perigos sofreu bastante. As imagens mostram os diversos perigos e obstáculos que era preciso ultrapassar para chegar a Chamba.

As fotos pertencem à colecção de Orlando de Azevedo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um dia no cinema de Mecula


Estava a sala cheia. O refeitório do rancho geral de Mecula era o palco escolhido. Na primeira plateia as caras conhecidas do "jet set" local e alguns camaradas do Candulo e Chiulézi em viagem por Mecula.
As senhoras dos oficiais que viviam em Mecula vestiam-se a rigor como quem vai ao S. Carlos em Lisboa. Uma ida ao cinema era dia de festa no aquartelamento.
Por todas estas razões e com as expectativas tão altas nada podia falhar !
Os filmes eram de 16 mm e tinham o som gravado numa faixa da fita. A leitura do som era feita por uma célula fotoeléctrica.
Esta explicação técnica só faz sentido para os leitores do blogue perceberem a cena que vos vou contar.
Iniciada a sessão de cinema, a multidão começa a fica "quente" de euforia... e de repente funde-se a lâmpada que ilumina o som. Passamos a cinema mudo !
Faz-se logo o primeiro intervalo... apesar dos protestos ... o fotocine consegue disfarçar a avaria.
E agora?
Não há lâmpada de reserva... a última tinha fundido a semana passada, a irregularidade da corrente dos geradores provocava muitas avarias no material.
Sem que ninguém se aperceba do sucedido... o fotocine chama um soldado moçambicano conhecido pelo 120 e ordena-lhe que segure a lanterna com mão junto à máquina de projecção do filme para iluminar a leitura da célula !
O rapaz começa a ficar com o braço cansado, treme, treme com a mão e a lanterna de vez em quando foge de sitio exacto. A lanterna começa a ficar fraca.
O fotocine tenta disfarçar a avaria... coloca o som no máximo... e com aqueles tremeliques o som vai ficando rouco e tremido... mas o 120 tem de aguentar até ao fim.
O rapaz sua as estopinhas... quer ir embora, e suspira: furriel, não dá para aguentar... tenho a mão muito cansada ! Aguenta que é serviço... no final do filme vais beber uma bazuca !
E lá teve que aguentar se quis dar de beber à dor !
Terminada a sessão o fotocine respira fundo, tinha acabado de passar o cabo das tormentas.. dirige-se à multidão pedindo "desculpa" em nome dos artistas a quem tinha pedido que falassem mais alto (para resolveram um problema de som) e pelo seu esforço acabaram por ficar roucos !
A maior parte dos presentes nem deu por nada... o som era horrível... mas quem está na guerra e vai ao cinema diverte-se com tudo.
Nas transmissões em directo os profissionais das televisões dizem que fazem umas habilidades... mas comparados com estes fotocines da guerra colonial... nada, nada que se compare !
Eram assim as sessões de cinema em terras de Mecula. Um dia o fotocine vai contar outras situações ainda mais caricatas.
Uma vez iniciada uma sessão de cinema, jamais algo a podia parar... só um ataque à morteirada era capaz de desmobilizar o pessoal !
Vocês os visitantes da Serra Mecula sabem do que estou a falar!

A foto é uma contribuição de José Saraiva
Um conto de:
Ernesto P. Fernandes
Ex- Furriel Mil. Sapador do BCaç. 2914

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Visita ao interior do Candulo - (1970-72)

Houve festa no Candulo, pelo menos nesse dia não faltou a cerveja !


O aquartelamento do Candulo, em 1970, era a casa da CCaç. 2706 do BCaç. 2914.


Outra imagem do aquartelamento

A parada do quartel, com aquele edifício das colunas, uma imagem inesquecível para quem por ali passou...

Os oficiais Rangers do Candulo e o médico dr. Lima.

As fotos fazem parte da colecção de Orlando de Azevedo.